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Professor Cavaco Silva protagoniza quarta sessão das "I Conferências de Fafe"

O Professor Aníbal Cavaco Silva, Presidente da República de de 2006 a 2016, foi o protagonista da quarta sessão das "I Conferências de Fafe", que teve lugar no Teatro Cinema. Antero Barbosa, Presidente da Câmara Municipal de Fafe, abriu o encontro, referindo que "Para Fafe é uma honra e um privilégio contar com a presença do senhor Professor Aníbal Cavaco Silva. Estas Conferências de Fafe, pelo tema e pelos convidados, fazem história. Será consensual dizer que é uma das personalidades marcantes neste período de 48 anos do após 25 de abril de 1974".

Depois de um agradecimento a Luís Marques Mendes pelo "contributo decisivo que deu para a realização destas Conferências", avança ucom um apelo: "Vivemos tempos de grande complexidade", sobretudo pelas "crises à escala mundial, que contêm riscos ameaçadores e que em simultâneo apresentam oportunidades de avanço e progresso". "É hora de colocar os interesses humanos acima de todos os outros interesses e estes passam pela saúde e segurança da Terra. A hora é da ecologia. O tempo é de promover a qualidade do sítio onde vivemos". Termina, afirmando que as "políticas públicas podem e devem fazer mais e melhor neste domínio".

Luís Marque Mendes, moderador da sessão, começou a sua intervenção afirmando que "Se Ramalho Eanes foi o Presidente da normalização, Mário Soares o grande combatente da liberdade e Jorge Sampaio o Presidente da humanidade, Cavaco Silva foi o líder que conduziu o país ao maior período de desenvolvimento económico e social da nossa democracia". Destacou ainda três grandes medidas por si implementadas: a erradicação das barracas em articulação com as autarquias, a entrega do 14º mês para reformados e pensionistas e o lançamento da vasta rede de auto-estradas". Referiu ainda quatro aspetos pouco conhecidos de Cavaco Silva, nomeadamente "político muito profissional", "afirmação pela autoridade do conhecimento e preparação", "exemplo de planeamento e programação política" e "exemplo de coragem política". Terminou, afirmando: "Gosto de o ter aqui para ouvir as suas ideias. Na minha opinião, os políticos fora do ativo devem intervir na vida pública, ajudar a produzir pensamento, pois isso é um exercício cívico, e isso que Cavaco tem feito".


O Professor Cavaco Silva começou por "felicitar pela organização do ciclo de conferências, afirmando ser um gosto regressar a Fafe". Avançou para a sua leitura sobre “A democracia portuguesa a caminho de meio século”, referindo que o 25 de Abril foi "sinónimo de liberdade, democracia pluralista, desenvolvimento e melhoria do bem-estar”. “Devemos valorizar o que correu bem e retirar lições do que correu menos bem”. Neste contexto, o ex-Presidente fez um conjunto de reflexões e alertas.
 

Para o ex-Presidente da República, "passados 48 anos do 25 de Abril, têm sido apontados à democracia alguns sintomas de deterioração da sua qualidade", como o "aumento da abstenção em sucessivos atos eleitorais, o desinteresse dos jovens pela atividade política e o afastamento crescente das elites profissionais em relação à vida político-partidária ativa".

 

A nível económico destaca: “A nossa democracia fica menos bem no que diz respeito à Economia. Encontramos mais momentos baixos do que altos. Nas últimas duas décadas, fomos ultrapassados em PIB pelos países de leste que integram a União Europeia”.


Cavaco Silva ressaltou os progressos do país em diversas áreas, nomeadamente com a criação do Serviço Nacional de Saúde, a democratização do acesso à educação, o papel do Poder Local no desenvolvimento do território e a adesão de Portugal à CEE em 1986. Contudo, não deixou de sublinhar críticas ao rumo que o país tem levado. “Nos últimos anos houve uma degradação do SNS e é preciso uma reconversão. A qualidade da educação, no Básico e no Secundário, tem vindo a diminuir porque não tem conseguido captar professores”, exemplificou.

Sobre o futuro, Cavaco Silva salienta ser necessário “aplicar de forma mais inteligente as verbas do Plano de Recuperação e Resiliência”, pois “falta concretizar o D de desenvolvimento”, enquanto os “salários continuarem baixos e os jovens de talento procurarem outros países, fruto do crescimento medíocre da economia portuguesa nos tempos de democracia”.

Houve ainda tempo para uma abordagem à política europeia. Cavaco referiu que espera que a União Europeia (UE) “ganhe força acrescida na senda internacional após a Guerra na Ucrânia". "O mundo ocidental não pode hesitar nas sanções à Rússia e na defesa da Ucrânia até à sua integração na UE. É fundamental que os ‘Putins’ deste Mundo não voltem a ter a perceção que as democracias ocidentais são frágeis”.


 

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