Associações concelhias parceiras esperam continuar trabalho
Ao fim de um ano de trabalho, a Plataforma Fafe Cidade das Artes, um projeto apoiado pela câmara municipal de Fafe, apresenta um saldo positivo.
Num ano, cerca de 30 mil espetadores (22 500 de Fafe e 6 800 de fora do concelho) que assistiram aos cerca de 200 espetáculos promovidos pela Plataforma. Números que mostram a importância do projeto, em termos culturais no concelho.
Mas o trabalho da Fafe Cidade das Artes não se fica apenas pelas apresentações de peças de teatro, é um projeto que tem associadas, a grande parte dos trabalhos, causas sociais. Dessa forma, no ano passado, fez um forte investimento na formação de novos públicos, interagindo com grupos e associações locais, com especial destaque para os mais desfavorecidos e carenciados. Nesta vertente solidária, destaque para as ações de formação realizadas em parceria com a Cercifafe, Centro Social Paroquial de Revelhe e INOUT (Criança de Etnia Cigana do Bairro da Cumieira). Com estes últimos, trabalhou durante 10 meses, com atendimento e aulas três vezes por semana.
No trabalho desenvolvido ao longo do ano, a Fafe Cidade das Artes estabeleceu parcerias com várias associações e instituições concelhias, sempre com a noção da importância do envolvimento local, nas atividades culturais a desenvolver.
Entre as associações parceiras, destaque para o Sarau da Memória, Grupo Desportivo de Passos, Centro Social de São Martinho de Medelo, Santa Casa da Misericórdia, Escola de Bailado de Fafe, Grupo de Teatro de Arões, Grupo de Teatro de Travassós, Grupo ARA do Bugio, Junta de Freguesia de Silvares, Junta de Freguesia de Antime e Agrupamentos Locais de Musica.
De resto, este trabalho feito em colaboração com as associações concelhias foi muito bem acolhido e revelou-se muito positivo.
Isso mesmo explica Isaura Nogueira, da associação Sarau da Memória. A responsável fala num trabalho excelente realizado junto da instituição. “Ao todo somos 15 pessoas, com idades entre os 30 e os 70 anos, de vários extratos sociais, umas com e outras sem formação, que gostam imenso do trabalho que tem feito connosco. Tem sido um trabalho excelente, muito positivo. Com eles já fizemos teatro, mas não só, já cá tivemos a trabalhar connosco uma atriz brasileira, onde fomos em busca das nossas memórias. Espero que este trabalho continue”.
Da mesma opinião partilha Rogério Martins, do Grupo Desportivo de Passos, que reforça o trabalho feito com as cerca de 25 crianças envolvidas.
“Considero este trabalho da Fafe Cidade das Artes, desenvolvido em parceria connosco, muito positivo. O facto de estarmos a trabalhar com artistas profissionais dá outro interesse, outra vontade de trabalhar. Nota-se nas crianças que ficam mais entusiasmadas, mais disponíveis. Por isso, espero que esta parceria seja para continuar”.
As crianças são as principais visadas neste trabalho e as associações mostram-se muito satisfeitas com o trabalho desenvolvido pela Fafe Cidade das Artes. Há quatro meses a trabalhar com as crianças do ATL, do Centro Social de São Martinho de Medelo, o balanço é muito positivo.
Sandra Novais explica que o trabalho está a ser desenvolvido semanalmente com cerca de 30 crianças do ATL. “Temos registado resultados positivos nomeadamente ao nível do desenvolvimento social e cognitivo das crianças que participam na oficina dramática, são dias sempre diferentes para os quais eles estão sempre preparados e motivados. Exercícios como a memorização e a expressão corporal ajudam estas crianças a interagir melhor e nós sentimos isso ao trabalhar com elas”.
Uma vez por semana, a equipa da Plataforma desloca-se também à Santa Casa da Misericórdia para trabalhar com as crianças do infantário. Ao todo são cerca de 40 crianças do infantário I e 30 do II. Luísa Magalhães, responsável do infantário nº 1 da Santa Casa, fala de um trabalho meritório que deve continuar.
“O balanço desta parceria é muito positivo. As crianças adoram e os espetáculos são muito interessantes. Vêm cá umam vez por semana e todas as vezes que vêm é uma alegria para as crianças”.
O trabalho da Fafe Cidade das Artes trouxe também ao concelho nomes do teatro a nível internacional. Ao longo do ano, foram feitas 10 Residências Artísticas, em intercâmbio com Espanha e Brasil, tendo no âmbito de uma delas, apresentado, em estreia mundial, o espetáculo Bartolomeus, uma coprodução com a companhia de brasileira Toca de Teatro, um espetáculo que está nomeado para “Melhor Espetáculo do Ano” e “Melhor Ator” para o intérprete Danilo Cairo, nos prémios Braskem de Teatro do Brasi
Para o encenador Moncho Rodriguez, diretor artístico da Plataforma, esta nomeação é o culminar do trabalho realizado no último ano.
“O trabalho que temos vindo a desenvolver em Fafe tem sido projetado a nível nacional e internacional, o que nos enche de orgulho. A nomeação para este prémio, no âmbito de uma residência artística, mostra, sem dúvida a importância que temos no panorama cultural”, explicou.
No trabalho diário, a Fafe Cidade das Artes procura, para além da proximidade com as pessoas, desenvolver novos conceitos de linguagens artísticas que permitam uma ligação entre a cultura e a tradição popular, ou seja, uma fusão entre a arte contemporânea e experimental.
Dos trabalhos realizados ao longo de todo ano, destaque para o I Encontro Pedagógico de Teatro para Infância e Juventude, um encontro que contou com a presença de cerca de 80 professores e educadores que, durante dois dias, participaram em palestras e debates cujo objetivo foi contribuir para a formação de crianças e jovens. De resto, este é um encontro que volta a realizar-se a no próximo mês de março.
Fafe voltou a ser projetado nos media locais, regionais e nacionais com um trabalho da Fafe Cidade das Artes, em Junho, no II Encontro de Palhaços do Mundo, um evento que se realizou ao longo de três dias, com a presença de 18 palhaços de vários países e que trouxe a Fafe mais de três mil pessoas.
Para além destes, destaque ainda para as peças de teatro que enchem o Teatro-Cinema e para o trabalho desenvolvido na oficina “Costura Criativa”, onde são concebidos todos os materiais, vestuário e adereços utilizados nos espetáculos. Integrado na Oficina permanente, a plataforma tem um projeto intitulado “Armoriarte”, cujo objetivo é conceber sacos diferentes e criativos com material reciclável tendo encomendas para o Havai e para o Brasil.
Tendo em conta o trabalho realizado no último ano e a projeção dos trabalhos realizados, quer em termos mediáticos, quer junto da comunidade, o vereador da Cultura da Câmara de Fafe, Pompeu Martins, fala numa aposta ganha que deve ser mantida, no sentido de continuar a promover o concelho, as tradições e as suas gentes.
“Fafe tem uma forte presença cultural, nomeadamente no que ao teatro diz respeito, muito por culpa dos brasileiros de torna viagem que construíram um teatro na cidade, transformando Fafe, na altura, num dos concelhos da região mais procurados em termos culturais. Ora essa vertente cultural tem, para nós, de ser preservada e reavivada e a plataforma Fafe Cidade das Artes tem feito um excelente trabalho na promoção cultural do concelho”, explicou o vereador, lembrando que o trabalho deste projeto, que conta com o apoio da autarquia, tem sido realizado em parceria com associações locais.
“ A nossa intenção foi, desde a primeira hora, envolver o que há no concelho em termos culturais neste projeto. Neste ano de trabalho, a plataforma tem feito um excelente trabalho com várias associações, desde formação, a espetáculos. Creio que todos estão satisfeitos. Aliás essa foi sempre a nossa intenção, envolver tudo o que é nosso, para dessa forma melhor conseguirmos transmitir as nossas tradições, o que de melhor cá se faz em termos culturais”.
Pompeu Martins acredita que este é um projeto para continuar e que tem capacidade de projetar e promover ainda mais o concelho.
“Ao fim de um ano percebemos, pelos números, que este é um projeto interessante para o concelho, para a nossa promoção. Por isso, espero que seja para continuar, porque ainda há muito a fazer nesta área”, revelou.
Recorde-se que a Plataforma Fafe Cidade das Artes trabalhou também com os alunos de mestrado do IESF e manteve um programa de aulas para os formandos do primeiro ano da instituição de ensino superior.