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Câmara de Fafe vai elaborar Plano Estratégico de Desenvolvimento Desportivo

A Câmara Municipal de Fafe está a trabalhar para a criação de um Plano Estratégico de Desenvolvimento Desportivo. O anúncio foi feito pelo vereador com o pelouro do desporto, na Câmara de Fafe, Pompeu Martins, durante o colóquio “A Mulher e o Desporto”, que se realizou na Biblioteca Municipal.

Segundo o autarca, a Carta Desportiva está praticamente fechada, agora há que dar passos para fazer do desporto um meio de desenvolvimento do concelho. Para a criação deste plano estratégico, Pompeu Martins explicou que vão ser envolvidos todos os agentes locais.

“Devemos olhar para o desporto como uma estratégia de desenvolvimento. A Carta Desportiva está praticamente fechada, agora temos de trabalhar para a criação de um plano estratégico do desenvolvimento desportivo. Mas será um plano que vai contar com o contributo de todos. Não será um plano elaborado dentro do gabinete. Vamos reunir com praticantes, treinadores, dirigentes desportivos e população em geral para recolhermos ideias para criarmos um bom plano”.

Pompeu Martins lembrou também que Fafe tem uma tradição considerável no desporto, em diversas modalidades, sendo obrigatório aproveitar esse espírito para impulsionar ainda mais a prática desportiva no concelho.

“Fafe é uma terra que tem, ao longo dos anos, uma oferta diversificada a nível desportivo e onde se veem cada vez mais mulheres. Por isso, temos de aproveitar isso como estratégia”, revelou.

No colóquio, esteve presente também Manuel Barros, diretor regional norte do Instituo Português do Desporto e Juventude, que destacou a importância da elaboração de um plano de ação desportiva para um território. 

“É necessário repensar o investimento feito nas políticas do desporto, partindo da necessidade de saber qual a sua importância para o desenvolvimento do país. A economia do desporto é sem dúvida um caso muito sério para o desenvolvimento de um território”, disse, acreditando ainda que “o retorno das ações é muito maior do que o investimento, do que a despesa feita na realização de iniciativas”.

Perante uma plateia maioritariamente de jovens estudantes de Desporto, Manuel Barros lembrou que esta é uma área com muitas saídas.

“Há coisas que estão a mudar a nível desportivo e vocês, os que estudam Desporto, estão a saber adaptar-se e a fazer uma grande revolução. Não podemos ir nos mitos de que há licenciados a mais, todos são necessários. O retorno na aposta no desporto é visível”, frisou.

“Era um rapazinho. Não tinha sequer sapatilhas e fato de treino” – Aurora Cunha recordou o seu percurso enquanto atleta

Convencida de que o desporto pode ser um caminho para o desenvolvimento, Aurora Cunha, depois de deixar o atletismo, continuou na área, com participação em colóquios e ações que mostrem a importância do desporto a todos os níveis.

Em Fafe, a ex-atleta confessou que foi 20 anos atleta do FC Porto por opção, recordou o seu início no atletismo, as dificuldades por que passou e os momentos caricatos que viveu.

“Para terem noção de como era o desporto há 40 anos atrás, fui descoberta por um treinador que era serralheiro. EM 1976, eu vivia em Ronfe, uma freguesia de Guimarães, na altura uma aldeia, onde tudo que fosse fora do normal, não era bem visto. O facto de uma rapariga andar a correr era alvo de comentários. A minha família não encarou bem, tudo era um entrave. Mas eu, não me deixei intimidar e lutei pelo que queria”, frisou, lembrando que “naquela altura, não tínhamos nada, não sabíamos o que eram umas sapatilhas ou um fato de treino”.

Oriunda de uma família humilde de 10 irmão, Aurora Cunha falou da primeira vez que participou numa prova em lisboa, onde bateu o recorde da Rosa Mota.

“Ir a Lisboa com o treinador, um homem, foi um problema logo para sair de casa. Quando cheguei a Lisboa, não tinha botas de corrida, fui comprar umas, com dinheiro oferecido por um empresário, mas não havia o meu número. Como sou desenrascada, resolvi a situação com um bocado de jornal na frente da bota e no dia seguinte lá fui correr e bati o recorde nacional que na altura pertencia à Rosa Mota. Costumo dizer que foi por causa das botas serem grandes que ganhei”, recordou.

No seu percurso, Aurora Cunha tem vários prémios ganhos o que a enche de orgulho. Olhando para as novas gerações, a ex atleta deixou a dica de “que o esforço e o trabalho são essenciais para quem quer singrar no desporto”.

De resto, esta foi também uma opinião partilhada por Verónica Costa, ex atleta fafense do Sporting de Braga, que reforçou que “se não nos esforçamos, ninguém o fará por nós”.

“Eu para ser atleta passei por muito e tive de trabalhar muito sozinha. Não me arrependo, porque valeu a pena”.

O colóquio contou ainda com a presença de Inácio Anjos, da delegação de Braga do Instituto Português do Desporto e Juventude, e Aldina Silva, ex atleta, treinadora e professor no Instituto Superior de Educação de Fafe. 

Refira-se que ainda no âmbito deste debate, está patente na Biblioteca uma exposição intitulada “A mulher na Imprensa Desportiva”, constituída por 16 painéis, com notícias publicadas sobre a participação feminina no desporto, desde os finais do seculo XIX até à atualidade.

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