“Sei que pago para encontrar a morte” - Tareke Brhane referiu-se, desta forma, esta manhã, ao sentimento dos milhares de homens e mulheres que, diariamente, tentam fugir de um país que é o deles, mas onde a guerra os fez desacreditar.
Tareke Bhhane, um dos homens que chegou a salvo ao destino, é hoje uma forte ajuda para os que todos os dias chegam à Europa, oriundos de países em guerra. O eritreu conhece bem o sofrimento de quem como ele paga para, na maior parte das vezes, encontrar a morte. No sentido de ajudar estas pessoas, criou a Fundação Comitato Tre Ottobre.
“99% de nós sabemos o que nos espera. Sei que pago para encontrar a morte, ou seja, ponho a minha vida em risco por 1% de probabilidade de viver”.
O homem que prosperou, depois de cinco anos para chegar à Europa, lembrou que sair desses países não se trata apenas “fazer as malas e ir” e que cada refugiado é tratado apenas como mais um número.
“A minha vida está na mão dos traficantes. Eu para a Europa sou apenas mais um número, mas, na realidade, sou uma pessoa que pensa, chora e tem sentimentos”.
O presidente da associação Comitato revelou também que a travessia rumo ao desconhecido é muito difícil de fazer e que a maior parte dos refugiados prefere fazer por mar, já que por terra é muito mais agreste e difícil.
“Para atravessar o deserto, fazem-nos beber água misturada com petróleo e, se durante a viagem, um cai dos carros que nos transportam, fica para trás”.
Por seu lado, o presidente da Agenzia Habeshia, Mussie Zerai, destacou a iniciativa e a homenagem de Fafe à causa, porque, segundo o mesmo, é com este tipo de iniciativas que a sociedade conhece a verdadeira história destes homens e mulheres que sonham com um futuro melhor.
“Se a sociedade estiver bem informada, através de ações como esta, não terá porque não acolher estes migrantes que não querem mais que uma vida melhor”, disse, referindo também que “é necessária uma ONU mais organizada e capaz de intervir nos campos de refugiados, já que apenas 3% destas pessoas queriam vir para a Europa”.
O Frei acusa ainda o facto de haver falta de vontade política para que este problema se resolva.
“O que falta é vontade política. A União Europeia tem de fazer um projeto de inserção destas pessoas. Não pode fechar as portas, porque ao fazê-lo, os traficantes abrem janelas”.
Refira-se que, no âmbito do Terra Justa, os agrupamentos de escolas do concelho, bem como a Santa Casa da Misericórdia, com crianças e idosos, têm participado ativamente nas várias iniciativas realizadas.