“A coisa mais difícil quando falamos de refugiados é a mudança de mentalidades”. Foi desta forma que, esta tarde, Eugénio Fonseca, presidente da Cáritas Portuguesa, se referiu a uma sociedade cada vez mais apreensiva, no que se refere à chegada de refugiados à Europa.
Segundo o presidente da Cáritas, o problema dos refugiados “é um problema do mundo e não apenas da Europa”.
Eugénio Fonseca não tem dúvidas que a Europa tem tido sérias dificuldades em lidar com um problema mundial, mas que precisa olhar mais para a questão que tem marcado a atualidade.
“A Europa não tem sido capaz de lidar com o problema porque deixou de ser aquela Europa original, transformou-se numa Europa financeira”.
De resto, Eugénio Fonseca foi incisivo ao afirmar que a atual Europa não acolhe refugiados, apenas tenta redistribuir os que já cá estão.
“O que a Europa está a fazer não é a tratar do acolhimento destes migrantes, mas sim a reposicionar os que já cá estão”, explicou.
Num discurso crítico, o responsável da Cáritas deixou ainda o alerta para que a Europa deixe de olhar somente para as questões financeiras e pratique atos de humanismo.
“Os refugiados não podem ser vistos numa visão economicista, mas humanista, porque o objetivo destas pessoas é regressar aos seus países de origem”, disse, lembrando que depois da guerra colonial Portugal acolheu milhares de retornados e nem por isso perdeu a sua identidade.
“Não tenhamos medo, porque não nos esqueçamos que aquando da descolonização Portugal acolheu meio milhão de concidadãos que tinham criado estilos de vida diferentes”.